quinta-feira, 19 de agosto de 2010

São Marcos, 500 jogos depois


A primeira vez que vi São Marcos pessoalmente foi em 14 de março de 1999, e ele ainda não era Santo. Foi numa partida entre União e Palmeiras, em Santa Bárbara, pelo Campeonato Paulista e ele joga ainda nos Aspirantes. Lembro que após o jogo, nos vestiários, meu pai disse para ele que ele ainda nos daria muitas alegrias.

E foi o que aconteceu, e na verdade rápido demais, pois poucos meses depois, após uma atuação mágica nas quartas de final da Libertadores contra nosso maior rival, daquelas que acontecem apenas de eras em eras e que ficam marcadas para sempre na história do futebol, abrimos caminho para aquele que foi nosso maior título, dentro centenas de outros.

Mas isto bastaria para tornar aquele goleiro o maior ídolo das eras modernas do Palmeiras e apenas comparável ao Divino e a outro goleiro, Oberdan? Não, para se tornar um ídolo de uma equipe com a história e as glórias do Palmeiras é preciso muito mais do que ser apenas um excelente jogador, é preciso transcender o humano e atingir o divino.

Assim nasceu São Marcos, que se não tem a mesma quantidade de títulos de outros jogadores com a nossa camisa verde, mostrou um amor pelo Palmeiras que poucos mostraram, e que nesta era em que o dinheiro vale mais e os clubes são apenas um detalhe, ele se tornou o último dos românticos.

Por isto hoje temos muito mais a comemorar do que simplesmente o 500.º jogo de um grande jogador, mas sim uma história de luta, amor e superação. Temos que celebrar a vida daquele que é um espelho para todos os que vivem o futebol, sejam jogadores, dirigentes, imprensa ou torcedores. Temos que celebrar o homem Marcos Roberto Silveira Reis que é muito mais homem do que todos os que o cercam.

Pois é o homem que joga mesmo todo quebrado, enquanto cansamos de ver jogadores fingindo contusões. É o homem que dá a cara para bater nas horas ruins, enquanto os outros aparecem apenas nas horas boas. É o homem que tem coragem de assumir seus erros, enquanto muitos os transferem para outrem. É o homem que trata todos como iguais, e talvez por isso seja amado por todos.

E é assim, por viver numa época onde caráter é cada vez mais raro, São Marcos tem o pacote completo: tem caráter, ama a camisa que veste e ainda é um espetacular goleiro.

Parabéns São Marcos, e parabéns para todos nós palmeirenses, pela honra de tê-lo honrando a nossa camisa e nossa paixão. E triste será o futebol no dia em que você parar de jogar.

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