quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Carta Aberta aos Dirigentes da Sociedade Esportiva Palmeiras

Faço minhas as palavras publicadas pelo Palestrinos e já amplamente divulgado pela Mídia Palestrina:


[1950%20500pxls.jpg]“Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam.”

Antoine de Saint-Exupéry

 

20 de Abril de 2008: “O Palmeiras está classificado para a final do Campeonato Paulista. Jogando dentro de casa, o Verdão não tomou conhecimento do São Paulo e, apesar das dificuldades, venceu por 2 a 0, neste domingo, no Palestra Itália. Rogério Ceni falhou no primeiro gol da partida, em um chute de longa distância de Leo Lima. Valdivia decretou a vitória no fim do segundo tempo, para delírio da torcida alviverde.” (Globoesporte.com).

 

7 de Dezembro de 2008: “Assim como aconteceu no ano passado, oPalmeiras decepcionou mais uma vez na última rodada do Campeonato Brasileiro. O Verdão perdeu para o Botafogo por 1 a 0, neste domingo, no Palestra Itália. Mas contou com a incompetência do Flamengo, do ex-técnico Caio Júnior, que perdeu para o Atlético-PR por 5 a 3, e garantiu a cobiçada classificação para a Libertadores. O único gol da partida foi marcado por Wellington Paulista.” (Globoesporte.com).

 

As notícias falam por si só. Cabe a nós entender o que se passou nesses 231 dias. Por que não pudemos reviver as grandes emoções do primeiro semestre no restante da temporada? Podemos classificar esse contraste como “coisas do futebol”? Em nosso entendimento não. Não foi o acaso que nos trouxe até o sofrível final de temporada e a derradeira derrota na última rodada.

 

Apesar da conquista da vaga na Pré-Libertadores, não podemos nos dar por satisfeitos. Não pelos resultados em si, até porque, esses sim, fazem parte do futebol. Mas sim, pela série de erros e falhas cometidas nesse ínterim. São inegáveis os avanços do Palmeiras ao longo de 2008. Conquistamos um título, há muito tempo desejado, e pudemos sonhar de novo.

 

Talvez a contundência desta carta e seu significado não sejam bem recebidos por aqueles que, após oito anos, conseguiram alçar o Palmeiras novamente a elite do futebol brasileiro. Porém, não queremos nos limitar a sonhar, assim redigimos esta carta a toda nação alviverde, endereçada aos seus atuais representantes.

 

O objetivo não é apontar culpados, até porque carregamos parte dessa responsabilidade em nossos ombros, e talvez tenha sido esse nosso maior erro em 2008. Acreditamos que as coisas voltariam ao seu ciclo normal e o Palmeiras poderia, enfim, mitigar a péssima herança da gestão anterior, da qual fomos todos reféns.

 

Ledo engano, o suposto entulho retrógrado perpassa a antiga administração, talvez sua maior representante. Ele permanece enraizado dentre as estruturas de poder da Sociedade Esportiva Palmeiras, sendo evidenciado nos resultados desportivos dos últimos anos, em nosso estatuto e, principalmente, em grande parte das mentes que circulam por nossas alamedas. 

 

Infelizmente vemos um clube atolado em interesses pessoais e mesquinhos. A atual estrutura política do Palmeiras não condiz com nossa grandeza e os ideais surgidos quando da criação do Palestra Itália.

 

A começar pela inúmera gama de funcionários, passando por colaboradores e diretores que jogam contra a instituição, graças à falta de credibilidade e postura dos nossos comandantes que são alvo de expiações internas e externas, e não transmitem a grandeza do Palmeiras a ninguém.

 

A crise moral dos homens se reflete nos seus atos e por conseqüência na instituição. Não há comprometimento. Falta gente que trabalhe para a instituição e com talento para isso. Muito se fala em todas as correntes, mas poucos têm coragem de defender os interesses do clube, quando este realmente precisa.

 

Há algum tempo as coisas funcionam assim: Você tem talento, então não serve para o Palmeiras. Você pensa, então não serve para o Palmeiras. Você tem conhecimento, então não serve para o Palmeiras, Você ama o Palmeiras, então você é um perigo para o Palmeiras. Logo, o reflexo dessa política da "mediocridade", se estende em todos os campos de ação do clube.

 

O clube continua sendo liderado, seja situação ou oposição, pelas mesmas figuras de 20 anos atrás. O estatuto é um grande reflexo de estrutura e mentalidade arcaicas que temem a renovação, que fogem de novas idéias, que inibem qualquer forma de mudança.

 

Já passamos por uma série de momentos terríveis. Tentaram nos roubar nosso estádio! Tirar nosso nome! Acabar com nosso clube! E cá estamos, autênticos campeões do Século XX. E não achem que nosso sentimento foi alterado por esse título, amamos o clube, e não suas taças somente. Como bem disse Joelmir Beting, todos nós sabemos a verdadeira emoção de ser palmeirense. Um sentimento que se limita à uma única palavra: Palestrinidade.

 

Por essa razão, exercendo nossa Palestrinidade, em uma comunhão de pensamentos e idéias dentre muitos torcedores da SEP, gostaríamos de expor um balanço final do ano de 2008, que sirva como reflexão e agente catalisador de uma mudança que se faz urgente. Levantamos algumas questões que merecem a devida atenção por parte dos Srs. e que nós, na condição de apaixonados por este clube, agradeceríamos vê-las explicadas:

 

- Até quando seremos (torcedores e jogadores) obrigados a conviver com disputas políticas no decorrer das competições? Mesmo sendo estas manobras antes condenadas por quem estava de fora. Até quando o Palmeiras será vítima de sua própria gente, de seu próprio sangue?

 

- O que acontecerá com conselheiros e diretores do Palmeiras que se utilizam de informação privilegiada do clube, e portanto restrita, para se promover e também causar desconfiança e rumores indesejados na atual diretoria, visando única e exclusivamente enfraquecer aqueles que estão no poder para que possam alcançar tão sonhado posto?

 

- Quais as providências que serão tomadas contra jornalistas que pregam inverdades contra o Palmeiras, como aquele que vende espaço na televisão aberta a ex-mandátario para falar mal do projeto da Arena, às vésperas da eleição que aprovaria sua construção? Ou então a setoristas que, mesmo cobrindo o dia-a-dia do clube, conseguem nutrir um imenso desprezo pela instituição, inventando fatos como agressão á árbitro e roubando sigilosas atas de reuniões internas?

 

- E quanto a jornalistas que questionam intervenções do Governador, com insinuações maldosas sobre sua relação com a diretoria da SEP? E como reagirão depois de serem classificados como “trouxas” por este jornalista?

 

 

- Como a diretoria da SEP se portará em relação ao STJD no ano de 2009? Órgão este que nos puniu de forma exemplar no campeonato, ao passo que equipes nadam de braçadas em suas decisões controversas?

 

- Como será o tratamento da diretoria do Palmeiras aos Srs. Dirigentes do clube homônimo a nossa cidade, que não apenas desmereceu nossa casa ao longo do ano (casa esta construída com suor e ardor, à custa exclusivamente da nossa paixão), como insinuaram favorecimentos indevidos em decisões maiores, mesmo sendo de conhecimento geral que tais situações ocorrem normalmente do lado de lá? Continuaremos a lhes sorrir enquanto estes zombam de nós?

 

- Qual será o plano de gestão para a comissão técnica em 2009, desde as metas estipuladas até a composição do elenco, para não repetirmos os mesmo erros deste ano, quando salvo raras exceções nos tornamos um balcão de negócios para atletas de potencial duvidoso e padrinhos mais duvidosos ainda?

 

- Qual será o tratamento dado a funcionários, incluem-se jogadores e comissão técnica, que desrespeitam decisões da diretoria e, com base em interesses pessoais, expõem a instituição de forma desnecessária? E quando contradisserem, inclusive com insinuações e insultos, diretores em público?

 

- Qual o papel da atual diretoria de futebol? A quem responde seus funcionários? Gostaríamos de ter total transparência desta relação que, até aqui, nos pareceu desequilibrada e ilógica.

 

- Para 2009 podemos nos tranqüilizar e acreditar nas promessas já feitas? Poderemos comprar ingressos para nossos jogos com certa civilidade e com o devido respeito que merecemos?

 

- Por falar em ingressos, podemos esperar que em 2009 o ingresso valha o espetáculo que justificou seu aumento em 2008 e mais, que possamos ter ressarcido em forma de preços razoáveis o que deixamos de ver neste ano?

 

- O que aconteceu com o orgulho que existia em vestir essa camisa, visto que no final do ano não foram poucos os casos de atletas do atual elenco que assumiam propostas de fora e até mesmo o desejo de aqui não continuar? Que tipo de atenção daremos a atletas com esse perfil?

 

- Quando o Palmeiras terá novamente em campo ostentando nosso manto, não apenas 11 atletas, mas sim, 11 guerreiros que conhecem e respeitam nossa magnífica história e por ela lutarão até o final?

 

- Quem se responsabiliza pelas saídas de Henrique e, principalmente, Valdívia durante a competição, uma vez que foi voz uníssona na diretoria e comissão técnica do clube que tais ações promoveriam a ascensão de outros atletas, além da equalização das dívidas que ainda assim persistem em manter-se em padrões indesejados?

 

- O que acontece com nossas divisões de base que, ao longo de 2008, só revelaram o zagueiro Maurício? Por que jogadores desconhecidos são constantemente trazidos para integrar nossas times de base, em detrimento de atletas formados ao longo de anos, e com suposta identificação com o clube?

 

- As 12 contratações feitas desde o final do Paulista eram realmente necessárias? Não tínhamos jogadores no elenco ou nas categorias de base que conseguissem, ao menos, igualar o desempenho de tais aquisições?

 

- Quando teremos uma série de profissionais capacitados a lidar com órgãos da imprensa, do futebol e outras instâncias relacionadas, a fim de defender o clube com a veemência que nos criticam, mas sem a leviandade que nos acusam? Quando deixaremos de ser reativos nas ações, ao passo que todos os demais são pró-ativos e o prejuízo é claro?

 

- Como quando anularam um gol legal nosso contra o Figueirense. Ou começamos perdendo graças a erros de arbitragem contra Fluminense e o clube homônimo a cidade. Ou quando uma falta é batida oito metros a frente de onde ocorreu e isso resulta em gol, apenas porque o adversário é temido e joga em casa. Ou mesmo quando vemos árbitros entrarem pressionados por adversários.

 

- Até quando o Palmeiras encontrará dentro de sua própria agremiação seus maiores inimigos, que de tudo fazem em troca de pequenezas, assim como o caráter que possuem?

 

- Até quando faltará no Palmeiras exatamente aquilo que forjou nossa identidade, a paixão exclusivamente pelo clube, e não por cargos e carteirinhas que de nada valem para nossa grandeza coletiva?

 

Quando poderemos finalmente voltar a nos orgulhar daqueles que nos comandam, nem tanto por ações acertadas ou erradas, mas sim, simplesmente, por lutarem por nossos ideais respeitando a paixão que cada torcedor nutre pela SEP.

 

O Palmeiras é muito maior do que os Srs. que hoje nos comandam. É maior do que cada um que assina esse manifesto. É maior do que cada conselheiro ou diretor que auxilia nas decisões do clube. E por isso, apenas isto, deixamos aqui nosso registro de que as coisas não vão bem como deveriam e poderiam.

 

Nós, torcedores do Palmeiras, exigimos que atitudes sejam tomadas pelos Srs., pessoas de caráter inquestionável, assim como o amor que nutrem pelo nosso clube. Mas que o façam já, e que 2009 possa resgatar não apenas títulos, mas nosso maior orgulho.

 

Porque se não o fizerem, nós o faremos.

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